áudio
27/03/2019
O disco gravado pelo então Coral Pio XII, do Seminário São Carlos Borromeu, de Sorocaba, dos anos 60, foi chamado de “Vozes que Desabrocham”. Pois bem! Essas vozes desabrocharam. São de rapazes que se tornaram adultos, muitos faleceram, alguns se tornaram sacerdotes, a maioria tornou-se um grupo de homens de responsabilidade, realizados, cidadãos de valor.
Os dois primeiros frutos do Seminário foram ordenados sacerdotes no dia 04 de novembro de 1949, festa de São Carlos Borromeu: Antônio Maria Mucciollo, depois bispo de Botucatu, e Pedro José Maria Vieira.
Muitos outros frutos puderam ser vistos durante os tantos anos da existência desse Seminário. Esses frutos não podem ser identificados apenas com os que se ordenaram, mas, de modo geral, com esse número grande de rapazes e jovens que ali receberam uma esmerada educação para a vida.
Hoje, os que ainda vivem recordam com saudade dos tempos do Seminário e da magia que ainda traz a recordação do Coral Pio XII, por meio de um disco gravado nos anos 60, cuja gravação você pode ouvir clicando no vídeo do início desta página.
Não era uma vida fácil. O estudo, a disciplina, os rigores da época, os parcos recursos, quanta dor de cabeça deu nesses valentes rapazes que por ali passaram!
Conta-nos um deles, então garoto, algumas coisas da época:
Levantavam às 5:20 h. Vinte minutos para a higiene pessoal e a arrumação das camas e objetos pessoais. Iam para a Capela, onde faziam a oração da manhã, elencadas no Manual do Seminarista, seguida da Missa, que demorava cerca de trinta minutos.
Após a Missa, quinze minutos para o café da manhã, seguido de um pequeno recreio e tempo para ir ao sanitário e coisas desse tipo. Vinham, a seguir, as aulas, até cerca de meio-dia. Reuniam-se num pátio interno para a oração do Ângelus, seguido do almoço, em que havia silêncio, quebrado apenas pela leitura de um trecho do “regulamento do seminário”, seguida da leitura de um livro de espiritualidade.
Após o almoço iam à capela para uma pequena prece, após a qual iam, finalmente, para o recreio. Nele se conversava ou se jogava vôlei, espiribol, bocha.
Após o recreio voltavam para as salas de estudo onde faziam os deveres passados pelos professores até às 15 horas, quando havia um café com pão e o retorno aos estudos. Até às 18 horas havia uma escala para o banho. Os participantes do coral ensaiavam duas vezes por semana.
Às 18 horas iam novamente ao pátio interno onde rezavam novamente o Ângelus e desciam para o jantar. Novamente o silêncio, quebrado agora pela leitura do Martiriológio Romano, seguido por outras leituras mais leves. Às sextas-feiras havia a leitura dos principais fatos ocorridos na semana, tirados dos jornais da época, numa apresentação chamada de “Jornal Falado”.
Após o jantar, visita ao Santíssimo e recreio. Uma hora depois, novamente iam para as salas de estudo até às 21 horas, quando iam à capela para a oração da noite, após a qual, iam deitar-se.
Como não se esperar frutos abundantes de uma vida assim regrada e disciplinada? É claro que havia alguns desvios dessas atividades todas, mas em geral as regras eram cumpridas e o produto final foi positivo.
Vejo com tristeza o tipo de educação que muitos de nossos jovens estão recebendo hoje. Nada a ver com isso que dissemos acima! Muitos não são orientados para uma vida de autodomínio, de uma autoeducação perene em suas vidas, de um gerenciamento firme e produtivo de suas atividades.
No Seminário São Carlos Borromeu, tudo isso existia e era utilizado para a educação daqueles rapazinhos e jovens. Atualmente, os que ainda vivem se recordam daquela vida dura e agradecem tanto empenho dos educadores da época. Os que morreram são lembrados como pessoas que deixaram saudades.
(Dados fornecidos pelo Prof. João Sampaio, da Uniso).
Veja outros vídeos de fotos e música desse tempo:
https://youtu.be/iyaS8VNhNSo (presso il fiume stranier cantado pelo coral pio XII1ª parte)
https://youtu.be/3A_xpTPD4FY (presso il fiume stranier cantado pelo coral pio XII – 2ª parte)
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