PE. FERNANDO


Especial Pe. Fernando FALANDO DE FERNANDO...

28/06/2011
Nessa data fazia 7 dias do falecimento do nosso querido Pe. João Fernando Barreto... Quem, como eu, o conheceu antes mesmo de ser diácono, chamava-o simplesmente de “Fernando” mesmo depois de ter recebido o grau de presbítero. Como muitos, eu também gozava da sua amizade...

Passada a letargia dos primeiros dias sobre sua morte, resolvi escrever um pouquinho do que sei sobre o Fernando, a fim de compartilhar esse breve escrito com todos aqueles que sentem a mesma saudade do nosso amigo. Acho que é um exercício bom por nos permitir dar vazão dos nossos sentimentos, além de recordar fatos bons dessa convivência com Fernando.

Por falar em convivência, antes de mais nada, convido a assistirem no You Tube o vídeo que o pessoal da S. Benedito fez em homenagem ao Fernando (http://www.youtube.com/watch?gl=BR&v=BCNFZ8RHw5c): é possível rever muitos paroquianos ao lado dele, especialmente aqueles que à época ainda eram crianças (hoje adultos, muitos já casados) do tempo do Casulo e da Catequese, sendo que Fernando apadrinhou muitas dessas crianças em suas crismas...

Fernando tinha uma especial habilidade para lidar com crianças e adolescentes, navegando pelo mundo da música, atividades corporais e outras que sempre propiciavam muita integração entre todos. Sabia, de forma festiva, propiciar que uma verdadeira formação cristã aos pequenos, que simplesmente o amavam demais. Parte dessas habilidades ficaram registradas num livro [1] seu em parceria com o também amigo Rogério Bellini, este que é atualmente um grande escritor de livros do gênero.

Nesses tempos em que não falta quem queira associar a imagem de padres à pedofilia, Fernando, antes e depois de padre, sempre foi um exemplo para crianças, jovens e adolescentes que sempre nele confiaram e dele muito aprenderam não só coisas da Fé, mas também coisas da vida.

Ainda como leigos, nos anos 1990, ajudamos a dirigir debates de candidatos a prefeito e vereador de Sorocaba mais de uma vez: a paróquia abria suas portas para a comunidade em geral de modo que fosse possível ter uma visão mais crítica das propostas dos candidatos.


Sendo um pouco mais velho que a garotada do Casulo e ligado ao VIDA (grupo de jovens), eu acompanhava a trajetória do Fernando, que, depois de tanto servir a comunidade no Casulo e na Catequese, aceitou servi-la de forma mais abrangente como diácono na própria São Benedito (1998). Foi pelas mãos do então diácono Fernando que meu primeiro filho foi batizado. Que habilidades Fernando também tinha para bem conduzir uma celebração batismal!... era acolhedor com todos, afinal, sabia que para muitos o “batizado” é uma rara oportunidade de se visitar uma igreja e que quem não é bem acolhido não quer voltar. Contudo, seu acolhimento não prescindia do devido destaque à importância e ao valor do sacramento do batismo, tanto em palavras como no seu zelo de como administrar o sacramento da iniciação cristã.

Como quem vai percebendo a plenitude da sua vocação no decorrer do tempo, Fernando aceitou o convite de Dom José Lambert e em 2002 foi ordenado padre, desligando-se da São Benedito e assumindo a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, na Vila Nova Sorocaba, onde exerceu esse ministério até o fim da sua vida.

Pois foi lá que pude trabalhar diretamente com ele, em 2003, aceitando seu convite para auxiliar na reorganização administrativa paróquia. Os desafios eram diversos, mas, com muita sabedoria e paciência posso afirmar que em aproximadamente um ano tudo estava em ordem e em paz: nunca mais houve dificuldades financeiras e as obras da paróquia progrediram, graças ao espírito de colaboração entre comunidades que Fernando soube incutir em todos, bem como à confiança nele depositada pelos fiéis.

E quando o assunto era financeira, ele sempre falava uma coisa da qual nunca me esqueço: “Temos sempre de reservar recursos financeiros para assistir as famílias mais carentes e necessitadas, ainda que tenhamos de ir mais devagar com as obras; afinal, quem tem fome não pode esperar”. Que sabedoria e sensibilidade!

Nos últimos anos eu freqüentava com certa habitualidade suas missas na Sagrado Coração e pude continuar sorvendo seus ensinamentos por ocasião das homilias: Fernando era sempre muito centrado, chamando nossa atenção para o essencial, fundamentando seu ensinamento sempre na Palavra e no Magistério da Igreja, devidamente ligados à vida.

Fernando, que por um tempo também colaborou com o Gotas da Palavra,se parecia muito com um bom vinho: à medida que o tempo passava, ele se tornava melhor e mais sábio. Era daqueles que sabia muito bem ligar a fé à vida. Por ocasião de Campanha da Fraternidade 2011 Fernando e seus paroquianos conseguiram trazer à Nova Sorocaba a coleta de óleo de cozinha usado. O óleo coletado é entregue nas dependências da própria igreja, cujo salão também abriga outras atividades sociais, não ligadas à Igreja. É que Fernando sabia do papel da paróquia na comunidade: além de ser dispensadora dos bens divinos, a paróquia também pode e deve promover a vida plena a união das pessoas que mora no seu entorno, fiéis ou não. Já é um modo de iniciar o Reino de Deus aqui na Terra mesmo...

No final de 2010, por ocasião dos 50 anos da São Benedito, Fernando retornou àquele paróquia como convidado das festividades do jubileu de ouro: foi uma oportunidade única e bela de recordarmos tudo de bom que ele fez pela comunidade nos tempos em que por lá esteve. E como ele estava feliz em recordar esses momentos conosco!

Fernando não era um super-homem nem um super-padre. Não fazia questão de holofotes e pouco se importava com opiniões conflitantes e diversas. Era sincero e sem rodeios. Queria saber do essencial, do mais importante, do verdadeiro. E punha foco nisso. Acho que é isso que mais me chama atenção na sua jornada: sua sabedoria para discernir o que vale e o que não vale a pena. O que é importante e o que não é. O que é ilusão, passageiro e o que é eterno, imutável.

Mesmo não sendo “super”, ele suportou a doença que o acompanhou nos últimos anos de sua vida, com muita força e superação, com a graça de Deus. Despediu-se de nós bem pertinho da festa do padroeiro – Sagrado Coração de Jesus – que neste ano será no dia 1º de julho.

Os anos passaram e a vida do Fernando mudou, especialmente depois de ter sido ordenado padre, no que tange aos seus compromissos e responsabilidades. Mas ele continuou o mesmo conosco e com todos que já o conheciam há tempos: era amigo, alegre, festivo e sempre centrado no que é mais importante, vital e belo. Disso nunca me esquecerei...

Que a sua memória nos ajude também a não perdermos de vista que Deus é o essencial e que tudo mais vem em segundo plano. E que também tenhamos uma perseverança como a de Fernando, até o fim.
A saudade vem e sempre virá, mas suplantamos seus efeitos com a fé no Cristo Salvador e Redentor, e com a esperança da vida eterna, onde, por meio da graça e do perdão divinos, esperamos um dia nos reencontrar com nosso querido amigo Fernando...


Lembrai-vos de vossos dirigentes, que vos pregaram a palavra de Deus: considerando o fim de sua vida, imitai-lhes a fé. Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e sempre. Hebreus 13,7-8

Alexandre Moltocaro, do Gotas da Palavra

28.6.2011




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