segunda-feira, 20 de maio de 2013

SOBRE MARIA.


05 de novembro de 2011 

Texto do padre Fernando Cardoso

Hoje Jesus nos diz através do Evangelho de Lucas: “Vós vos considerais justos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações, pois o que os homens exaltam é coisa abominável diante de Deus”. Frente a essas palavras de Jesus, colocamo-nos hoje, sábado, na presença de Maria. Maria foi a antítese de tudo isso. Não se considerava grande diante de Deus, mas sempre a menor, a escrava, aquela que humildemente realiza a vontade de Deus, quer no seu dia-a-dia, quer nos momentos grandes de sua existência.


Gostaria de acrescentar que os anos da Virgem Maria foram mais preenchidos de coisas banais e realidades cotidianas do que de momentos de grandeza e exaltação. É verdade, ela teve a visita de um anjo por ocasião da Anunciação. Mas os anjos depois desapareceram de sua vida. Maria teve que se contentar com a presença de José, com a dos pastores, do velho Simeão e de Ana.


Mais tarde sua vida se passou escondida em Nazaré. Maria não se diferenciava de nenhuma mulher daquele lugarejo obscuro. Cozinhava, lavava roupa, arrumava a casa, fazia coisas que aos olhos dos grandes não têm a menor importância. Ela nunca foi importante neste mundo. Nunca realizou um milagre, nem foi notada por quem quer que seja; a prova disso é o silêncio que sobre ela fazem os Evangelistas. Eles praticamente a ignoram. Maria viveu mais do que qualquer cristão uma vida escondida em Deus e, contudo, foi dentre todas as criaturas aquela que mais agradou ao Seu coração.


Hoje essa lição é para nós extremamente fecunda, porque Deus não exige de nós - como não exigiu dela - grandes coisas ou realizações heroicas. Deus exige de nós fidelidade, amor e perseverança no nosso dia-a-dia, ainda pontilhado apenas de pequenas coisas, pequenas ações ou pequenos momentos que, aos olhos do mundo, não têm importância alguma.


A Virgem Maria ensina-nos hoje que Deus abate os poderosos, depõe os orgulhosos de seus tronos e eleva os humildes. Procuremos imitá-la na humildade do nosso quotidiano. Nossa vida assemelha-se à da Virgem de Nazaré. Não vivemos de coisas espetaculares e o extraordinário acontece raras vezes. É nesse estado que nos encaminhamos para Deus. A vida da Sagrada Família de Nazaré é, no entanto, lição eloquente para todos os cristãos. Dentro daquelas paredes humildes estava toda a Igreja em embrião. Naquela família reinava a concórdia, havia disciplina e as ações mais corriqueiras eram realizadas com carinho, esmero e amor.


Na história da Igreja, ao lado de figuras extraordinárias mais admiráveis do que imitáveis, houve e há homens e mulheres que, como Nossa Senhora, vivem uma “vida escondida em Deus”. Estão longe dos refletores da imprensa e ninguém deles faz caso, mas essas são as pessoas que verdadeiramente constroem a História que Deus deseja ver concluída no seu último dia. Todo o resto a Seus olhos não passa de gordura a ser queimada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário